“A maravilhosa graça do Senhor, Jesus Cristo,

o grande de amor de Deus

e a amizade profunda do Espírito Santo

sejam com todos vocês”

—2 Coríntios 13:14

 

Esta manhã minha filha achou que eu estivesse com o ar condicionado ligado no carro (estava congelando lá fora), e me perguntou se eu estava tendo uma daquelas minhas ondas de calor. Eu disse a ela que não, mas que eu tivera algumas pela manhã.

Embora eu jamais tenha planejado discutir algo tão pessoal com meus filhos, para a minha surpresa, eles ficaram cientes da minha recente “condição” através de um programa de TV antigo, que estavam assistindo durante o almoço uma tarde. Um dos meus filhos mais velho (aquele que não pensa para falar) se virou para mim, assim à queima-roupa, e me perguntou se, já que eu estava “naquela idade, não estava?”, se eu estaria “passando de idade”. Eu tive que confessar que sim, que eu estava, embora, eu disse, nunca planejei falar sobre isso com ninguém.

Assuntos extremamente pessoais são não apenas discutidos abertamente na televisão, mas também em público e em todos os locais de trabalho. As mulheres estão falando indiscriminadamente, até reagindo às ondas de calor sem discrição alguma, e discutindo todos os assuntos que afligem a vida feminina muito abertamente. Além de querer simplesmente me manter em silêncio a respeito do que estava me acontecendo, e discutir o assunto somente com o meu Marido, minha pergunta é “Onde está a graça?”. A graça para nos cobrir e prover discrição sobre as coisas que deveriam ter a permissão de permanecerem em privado. Não importa se estou passando por uma perda em minha vida, uma crise horrenda, uma onda de calor ou suores noturnos, ou se sinto como se eu estivesse em uma montanha russa emocional, eu quero desesperadamente fazer isso com elegância e aceitar graciosamente a situação que o Senhor me trouxe sem chamar atenção para mim mesma. Não que eu seja tímida, é porque eu quero que a minha vida tenha o título Dele, não o meu, como uma testemunha. “Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens” (2 Coríntios 3:2).

Anos atrás, estou certa de que devido à minha imaturidade antes de começar a minha jornada de restauração, eu não lidava bem com as situações difíceis. Eu tolamente acreditava que eu tinha que reagir; mas tenho aprendido desde então que não é esse o caso. Muito embora eu possa não ter sido tão “má” quanto testemunho frequentemente outras mulheres sendo, ainda assim, todas as vezes em que eu cedia aos meus sentimentos, eu ficava me sentindo até pior por ter reagido.  A maioria de nós ouviu de psicólogos (que não sabem de nada, já que eles geralmente nos dizem o oposto do que Deus diz na Bíblia) que temos que deixar escapar o vapor como uma chaleira faz. Você sabia que essa teoria já foi refutada anos atrás, mas ela ainda é amplamente aceita como verdade?

A verdade é que, quando colocamos tudo para fora, geralmente nos sentimos pior do que antes e ainda temos que lidar com a reação e a resposta das outras pessoas além das nossas próprias. É verdade que no início a sensação pode ser boa, mas estes sentimentos não duram, isso sem mencionar o efeito dominó que foi posto em ação; as consequências de ter que lidar com o sentimento da(s) outra(s) pessoa(s) nos mostram isso. Quer reajam furiosamente ou quer fiquem magoadas ou confusas, agora elas também fazem parte da situação. Pude observar na minha própria vida que, das vezes em que “coloquei para fora” e reagi, no fim, eu sempre me senti ainda pior a respeito da situação. Mas o mais trágico é que eu também me senti envergonhada, constrangida, e lamentei ter cedido aos meus sentimentos. O interessante também é que todas as vezes em que havia uma testemunha ocular, ou alguém que ouviu o que eu disse, não importa quantas vezes eles me dissessem depois (sinceramente) que estava “tudo bem” ou que eles “compreendiam”, isso não diminuía o meu arrependimento por ter reagido tão estupidamente. E também vi como, com que frequência, a boa opinião que essas pessoas tinham de mim mudou para sempre. A maioria daquelas que disseram que compreendiam, na verdade não compreendiam ou não poderiam compreender.

Contudo, se não “colocar para fora” ou “desabafar,” será que você não vai acabar logo explodindo? Na verdade, não. Não se guardarmos para nós mesmas da maneira que devemos. Anos atrás, o Senhor me mostrou que Ele nos mantém nessas “situações de pressão” para amaciar os nossos corações exatamente como fazem as panelas de pressão com os alimentos! No entanto, em meio à pressão, você não conseguirá manter a tampa na panela (por assim dizer) a menos que você leve, seja o que for, para o Senhor e deixe a questão com Ele. A melhor parte de falar com Ele sobre a situação é que nós não só saímos dela nos sentindo melhor, mais livres e mais leves (como tantas pessoas descrevem), mas também saímos dela com a maravilhosa graça. Esta manhã mesmo eu me dei conta de que as palavras “graciosamente” e “graciosidade” têm a mesma raiz da maravilhosa palavra graça! Uau, eu gostei disso. Fique comigo enquanto discutimos mais sobre como uma panela de pressão trabalha, assim poderemos comparar esta situação com o que Deus quer que façamos com as pressões em nossas vidas.

Uma panela de pressão (assim como as nossas provas) é um recipiente selado com uma válvula que controla a pressão do vapor em seu interior (uma situação em que DEUS controla o quanto Ele irá permitir). À medida que a panela/prova vai esquentando, o líquido/Seu amor no interior forma, secretamente, o vapor/lágrimas, o qual aumenta  a pressão na panela/nas nossas vidas. Este vapor em alta pressão possui dois grandes benefícios: ele eleva o ponto de ebulição para permitir que a temperatura mais alta ajude o alimento/coração a cozinhar/mudar mais rapidamente, e à medida que a pressão é intensificada, ela força o líquido/amor a penetrar no alimento/coração (em outras palavras, as provas de alta pressão estão forçando a entrada do amor Dele em seu coração). A alta temperatura constante (da prova) também ajuda a forçar o líquido/amor e a umidade/Sua paz no alimento/coração de maneira mais rápida, o que ajuda o cozimento/transformação se completar mais ligeiramente e também ajuda certos alimentos/corações, como, por exemplo, algumas carnes/corações endurecidas, a se tornarem muito macias bem rapidamente. E também os sabores/testemunhos criados em uma panela de pressão podem se tornar realmente profundos e complexos—diferentemente de quaisquer outros alcançados através de outros métodos de cozimento/prova.

Não me pareceu suficiente apenas agradecer ao Senhor quando refleti sobre a Sua maravilhosa graça ao compreender o grande benefício de me sentir em uma panela de pressão! Eu senti que desejava suportar o calor ou o vapor, porque, como acontece em todas as provas desconfortáveis, eu sei que elas estão realizando maravilhas no meu interior.

O que eu fiz e que me ajudou, não somente a suportar o vapor (as ondas de calor ou os suores noturnos), foi levar o assunto ao Senhor e perguntar ao meu Marido como eu poderia passar por isso graciosamente. O que Ele me disse foi para que eu abraçasse esta situação, me lembrando do quanto eu amava um banho quente, ou uma Jacuzzi ou anos atrás quando eu ia à academia para fazer uma sauna. Eu tive que rir, claro, porque qual seria a razão para fazer uma cena quando eu poderia simplesmente fechar os meus olhos e imaginar que realmente era o meu Amado Celestial que estava me fazendo um mimo com algo especial porque Ele me ama?!? Então, a partir do momento em que fiz isso, eu não tive mais medo ou preocupações sobre quando os sintomas da minha passagem de idade “apareceriam”. Ao contrário, eles se tornaram um lembrete bem-vindo do Seu amor por mim.

Por eu ter sido transparente, e discutido como uma amiga um assunto que eu preferia não comentar ou revelar a ninguém, espero que o que eu compartilhei sobre a minha gratidão pela Sua maravilhosa graça, em apenas uma das minhas provas mais recentes, possa ajudar você a buscar o Senhor, pedir a Ele para que veja a sua atual condição. Seja ela física ou circunstancial. E enquanto eu discutia a verdade oculta sobre como nós começamos a viver as nossas vidas graciosamente, uma comparação surgiu em minha mente e eu acho que ela pode ajudá-la. Desde que me lembrei desta comparação (como Deus faz em Seus Provérbios, mostrando um extremo em contraste com o outro), ela tem me ajudado a vencer minha tendência a ainda desejar “colocar para fora” ou deixar que as pessoas saibam de coisas que deveriam ser mantidas discretamente entre “mim e meu Marido”.

Comparação

Há mais ou menos 13 anos atrás, aconteceu algo onde eu morava que se tornou notícia mundialmente. E o mais incrível foi que as pessoas envolvidas eram nossos amigos próximos, membros da nossa igreja. A esposa frequentava a minha classe Uma Mulher Sábia e já tinha provado ser uma mulher sem rodeios. Naquele dia, assim como muitas de vocês, eu assisti à televisão sem conseguir acreditar, não só pelos eventos que estavam se desdobrando, mas porque fiquei mais intrigada com a reação do casal individualmente. O marido aprendera a permanecer muito quieto devido às reações exageradas da esposa diante de tudo. Lá, na televisão, eu observei como ela, mais uma vez, fez uma cena exatamente como havia treinado a si mesma a fazer ao longo da sua vida (especialmente em seu casamento). Então, quando as câmeras da TV foram ligadas, transmitindo para o mundo inteiro, elas pouco puderam fazer para aquietar os gritos furiosos daquela mulher. Quando muito, ver que havia uma audiência parece ter feito com que ela aumentasse ainda mais o seu mau comportamento.

Voltemos no tempo para agora, dezesseis meses depois, quando, mais uma vez, o plantão de notícias interrompeu a programação e as câmeras novamente rodaram em nossa pequena, e que um dia já fora, insignificante cidade. Desta vez eu assisti com ainda mais dificuldade de acreditar quando vi um dos nossos amigos próximo algemado e sendo arrastado para a sede da polícia. Muito depois, durante o julgamento, eu testemunhei em primeira mão o comportamento da esposa deste homem e não pude deixar de fazer uma comparação entre estas duas esposas, duas mulheres que eu conhecia pessoalmente.

Esta segunda mulher, antes esposa de um pastor, eu compararia com alguém como Jackie Kennedy quando o seu marido, o Presidente Kennedy, fora assassinado. O que todos testemunharam foi a sua compostura diante das centenas de câmeras focando em seu rosto, junto com os gritos dos repórteres. Isto mostrou ao mundo a sua imensurável graça—além do que qualquer uma de nós poderia jamais imaginar ser capaz de exibir se algo assim acontecesse conosco. Esta segunda mulher e o marido haviam sido nossos amigos próximos, tanto do meu marido (agora ex) quanto meus, e foi por isso que permaneci com ela, apoiando-a. Não apenas emocionalmente, mas também ajudamos cuidando dos filhos e da casa deles (meus filhos cortavam a grama), e escolhemos nos sentar atrás dela no julgamento que foi televisionado mundialmente. Infelizmente nós fomos o seu único apoio— todos, cada um dos seus outros amigos, todos eles, a abandonaram. Por que os cristãos parecem se esquecer de que “um amigo ama a todo tempo” e que eles são mais necessários durante as horas mais difíceis?

Não importa o quanto eu tenha ajudado minha amiga e à sua família durante este tempo trágico em sua vida, que durou por décadas (alguma de nós quer reclamar da própria situação neste exato momento?), foi ela quem me ajudou a testemunhar a verdadeira realeza em primeira mão. Sim, realeza. Esta refinada senhora demonstrou o que significa ser uma filha do Rei, cujo nome é Jesus, e ostentou a sua cruz com graça, como uma princesa. Eu a vi nos seus melhores e piores momentos, e estivesse ela na frente das câmeras ou à portas fechadas com sua família, ela era sempre a mesma. Em perfeita paz.

Ninguém sabe se minha amiga desabava em seu cantinho de oração, somente o seu Amado sabe, mas o que eu testemunhei mudou a minha vida para sempre. O seu exemplo me fez desejar ser como ela e todas aquelas pessoas que tem usado a sua realeza como uma coroa ao enfrentar o pior momento de suas vidas. Eu quero ser como a minha amiga, a quem eu testemunhei de perto e nos bastidores, que enfrentou incríveis e terríveis ataques que devorariam qualquer um vivo, e ainda assim caminhou através deles sem temor (ou assim parecia) com um espírito manso e quieto. Ela foi uma verdadeira princesa porque eu sei que o seu verdadeiro Marido, o Príncipe da Paz, esteve sempre com ela, ao seu lado, e isso se podia notar.

A maneira como nós reagimos pode não mudar o curso dos eventos que enfrentamos, mas certamente irá diminuir os efeitos posteriores da culpa e da vergonha, ou as ramificações de alguma coisa que tenha sido dita e que só irão piorar a nossa já tão difícil situação—quando damos livre curso aos nossos sentimentos abertamente. Portanto, a verdade é que isso não nos ajudará a nos sentirmos melhores ao “colocar para fora”, mas, ao contrário, mais uma vez será uma hora em que perderemos a oportunidade de nos aproveitarmos apropriadamente dessa maravilhosa graça que floresce: quanto mais escuro o dia, quanto mais íngreme for a escalada, quanto mais dura for a queda.

Eu quero mostrar ao mundo (e isso começa com a minha família e com aqueles que estão mais próximos a mim) que nosso Marido é real e que a Sua graça transcende todas as dificuldades desta vida. “Eu vos preveni sobre esses acontecimentos para que em Mim tenhais paz. Neste mundo sofrereis tribulações; mas tende fé e coragem! Eu venci o mundo.” (João 16:33 KJA). A Sua graça, encontrada em Seu amor, é o que ajuda as mulheres a “sorrirem para o futuro” quando ele parece um buraco escuro e profundo. Não é que sejamos valentes, não mesmo, mas sabemos Quem é Aquele que detém o futuro, e sabemos como a Sua história termina. Não nos esqueçamos também de que muitas vezes são as “pequenas raposas que devastam a vinha”. Em outras palavras, são sempre as pequenas coisas que temos que combater e vencer: situações como a menopausa, o abandono conjugal, a rejeição da família ou a ruína financeira. Somente quando conquistarmos a “nós mesmas” em meio a tudo isto é que poderemos conquistar as grandes coisas que podem estar vindo mais à frente para algumas de nós.

Oh, a maravilhosa graça. 

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